Não vai ser fácil ! / Not easy at all!

repair of cutwork 1A primeira decisão foi retirar todas as brides do bordado (pouco a pouco), tentando manter o local onde estavam, para as refazer. Mas já verifiquei que nada está muito simétrico – talvez porque já tenham sido refeitas ao longo dos tempos. Como todos devem já saber neste tipo de bordado, por cá conhecido por Richelieu, é essencial usar um pano fino para evitar que o bico do ferro provoque estes estragos,para além de ser passado a ferro pelo avesso, como qualquer bordado. Esta toalha foi muito usada e muito maltratada!
The first decision was to remove all bars – not sure is the right word –  (little by little) trying to keep the places where they were to redo. But already checked that nothing is very symmetrical – maybe because they have been redone over the years. As you all probably already know this type of embroidery, known for Richelieu around here and cut-work for English speakers (am I right?), it is essential to iron-on using a fine cloth over the back side of the embroidery to prevent the nozzle from the iron causes those damages. This tea towel was very much used and mistreated!

repair of cutwork 2A seguir tentei fazer brides finas como as originais. Decidi-me por escolher linha de crochet 20 ou 30 e optei por fazer brides em ponto recorte. Mais fácil para as minhas mãos, por agora.
Then I tried to do fine bars, as the original ones. Finally I decided on choosing a crochet thread 20 or 30  and chose  to make bars in buttonhole stitch. Actually easier for my hands now.

repair of cutwork 3Como vêem experimentei fazer as brides, fixando o bordado numa almofada com alfinetes, mas depressa arranjei um bastidor dos mais pequenos, pois dá muito mais jeito.
As you can see I tried to make the bars, fixing the embroidery on a cushion with pins, but soon got one of the  smallest hoops, it works much better.
repair of cutwork 4Aquelas setas apontam para a última parte do reatauro e que me foi sugerida pela Borboleta Serrana. E esta parte sim vai ser díficil dada a fragilidade deste linho.
Those arrows point to the latter part of the repair that was suggested to me by Borboleta Serrana. And yes that part is going to be very difficult due to the fragility of linen.
repair of cutwork 5Outra dificuldade que encontrei foi começar e rematar cada bride. Mesmo usando uma agulha fina o próprio rebordo está frágil…
Another difficulty I found was to start and finish each bar. Even using a fine needle the edge itself is fragile …
repair of cutwork 6E eis a primeirissima parte do restauro, com alguns pormenores a que não estive atenta e tenho que corrigir. O ponto recorte deve ser sempre feito para o mesmo lado, ou, pelo menos, de forma harmoniosa e estes não ficaram nada harmoniosos.
And here’s the very first part of the repair, with some details that have not been attentive and have to fix. Buttonhole  stitch bar should always be made to the same side, or at least smoothly and these were not at all.

repair of curwork 7As partes mais frágeis.The weakest parts.

repair of curwork 8Este será um trabalho para muito muito tempo. Tenciono fazer outras coisas pois não gosto de fazer sempre o mesmo ;) Por isso não vos aborrecerei muitas vezes com este trabalho. Tenho muitas coisas para partilhar convosco – haja tempo e disposição de vir ao computador!
This is a job for very long. I intend to do other things because I don’t  like to do always  the same ;) So I will not bother you often with this work  . I have many things to share with you –  time available and disposition permit to come to my computer!

Deem-me as vossas opiniões e tenham uma boa semana!
Give me your opinions and have a good week!

32 thoughts on “Não vai ser fácil ! / Not easy at all!

  1. Parece-me que vai dar muito trabalho, mas vai valer a pena,
    pois as fotos mostram que a toalha está a ganhar vida nova.
    Boa continuação.
    Teresa

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  2. Nada fácil mas com a paciência, o conhecimento e o gosto de fazer bem da Méri, certamente que o resultado final será perfeito!

    também não consigo ter só um trabalho de mãos. A minha mãe está sempre a tentar “disciplinar-me”, mas sem sucesso.

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    • Obrigada Sofia! Quanto aos vários trabalhos de mãos é fácil de reparar nisso para quem a segue há muito. Aliás é por isso que não gosto tanto do ponto de cruz, embora um pequeno e bonito pormenor em ponto de cruz é bem bonito, como diz e como a Diane com tão bom gosto faz!

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  3. I admire your frugality and diligence! I must confess that if this were mine, I would not attempt to repair. We have many thrift shops, where it’s possible to buy something beautiful like this for a very reasonable price. Is that available where you live? On the other hand , I also understand the sentimental attachment connection with it belonging to a loved one. You are so inspiring and I always enjoy seeing a new blog post in my email! Thanks again for your well done instructions on drawn thread work.

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    • Thanks Ronda for your nice words. Yes lately we can find some pieces in markets, but I don’t buy. This is a very special piece for me as you know. I have few things made by Mother, so I want in some way preserve this one. :)

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  4. as suas mãos vão certamente achar uma toalha escondida por detrás de tanta bride a refazer. Em tempos e num bordado muito mais pequeno, só ficou bem o caseado feito com linha de coser, Afinal mais uns anos e outras se irão partir, a preocupação de ficar resistente, na minha opinião, deve de ser atenuada com a fragilidade do tecido. Fino? a esgaçar? linha mais fina!Um bom fim de semana com muitos trabalhos (vários) bonitos e impecáveis como é seu hábito.

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  5. As barretes ( ou brides, como dizem aí) anteriores eram feitas em ponto luva? E mesmo o acabamento das flores e dos recorte foi feito em ponto luva? Não me parece Richelieu, me parece mais Ponto de Pisa, que tem um processo de execução diferente de Richelieu e que não usa o caseado nem nas barretes nem nos recortes. Pelo avesso dá para ver se é Ponto de Pisa, pois o recorte é feito antes do ponto luva, sendo as beiradas do tecido embutidas por baixo do ponto. De qualquer modo, isto deve ser muito difícil mesmo de restaurar! Sucesso!

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    • Ora agora é que fiquei de queixo caído, Paula! A verdade é que já ouvi, há muitos anos falar no ponto luva, mas confesso que não sei exatamente o que é. Também não sei , nem nunca ouvi falar,o que é o Ponto Pisa. Sei que as/que estou a fazer estão a desvirtuar o bordado original. Por cá confunde-se o bordado Richelieu com outro de que não me lembro o nome, de momento. Já li algures a descrição das diferenças – tenho que ver onde foi…
      Assim como usar simplesmente o termo cut-work para o Inglês não será o melhor termo.
      O bordado da Madeira usa caseado nos recortes e brides.
      Já ter com que me entreter no Google, amanhã ;)
      Disto é que eu gosto – encontrar sempre “coisas” novas, par aprender!Obrigada, Paula.

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      • Eu vou mandar um arquivo para você, um texto que escrevi tempos atrás sobre bordado inglês e pisano. Deve dar para começar! Ponto luva é o nome dado aí mesmo em Portugal para ponto de cordão , enrolado ou cordoné (FR) cordoncino (IT).

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        • Já vi e já li. O bordado inglês é muito visto por cá, mas normalmente é industrial.
          Temos o único bordado Português exclusivamento feito em branco e muito semelhante ao bordado inglês que é o Bordado de Tibaldinho. Finalmente tenho um livro, não muito completo sobre este bordado de que tenciono falar, um dia-
          Já sei o que é o ponto luva, para nós é mais um ponto de costura do que de bordado. Para o cordoné e cordoncino é normalmente utilizada uma base seja fios de bordar sejam mesmo uma base de pontos passados e depois cobertos com ponto cheio. Por cá o ponto cordão ou ponto hasre é usado em Viana para designar o ponto pé de flor! Conhece o meu poste sobre o ponto pé de flor?:
          https://avomeri.wordpress.com/2011/05/14/coisas-curiosas-curious-things-2/, na série do que chamei “coisas curiosa”.

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          • Nossa, agora eu que que me vou por a procurar o Bordado de Tibaldinho – esta conversa promete! Eu simplesmente adoro comparar os nomes dos pontos, aliás eu gosto demais de lidar com o conhecimento sobre os pontos. Comparar os nomes de pontos no Brasil e em Portugal é uma viagem, sendo o “ponto pé de flor” um dos meus favoritos, tanto quanto ao nome quanto ao ponto em si. Li um outro comentário sobre “linha da Ilha” suponho que seja a linha usada em Madeira (Coton Floche? ou Coton à Broder?). Aqui no Brasil o pessoal juara que existe uma linha chamada Linha da Ilha da Madeira e que todas as vezes que vi uma meada era Floche. Bom trabalho!

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  6. Dear Meri,
    Paso a paso, regardless how long it takes to complete this labor of love, you will never regret it and your children will thank you. Bon courage!!
    Monique

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    • Hi Monique , thank you For long I’m decided to write you. I haven’t even hope you have a 2014 peaceful and healthy and happy. I have to write to you
      Merci :)

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  7. Em termos de técnicas e de tipos de bordado, não sei acrescentar rigorosamente nada…
    Mas o que posso dizer é que a toalha é uma beleza e que gosto de ver a diferença de tonalidade das linhas (entre a antiga e a nova): sem deturpar o estilo, evidencia a recuperação, ou seja, neste caso, o Amor!

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  8. Meri, gostei do seu carinho por um trabalho a q sua mãe dedicou muito tempo.
    Tenho um atelier em Caldas da Rainha. Muito longe da sua residência. Convidá-la-ia a visitar-me.
    Tb pensei dar-lhe uma opinião sobre o bordado, pq tenho conhecimento profundo de todos os bordados regionais. Fui Mestra de Oficinas do Curso Industrial da Formação
    Feminina, por isso estou à vontade p/ falar do assunto.
    Apesar de dever ter usado linha de Bordado da Ilha , ñ achei no entanto q tivesse ficado mal. Como disse devia ter usado o recorte todo p/ o mesmo lado. Mas o mais importante é o sentimento q está a demonstrar no seu trabalho. Quanto a restaurar esses peq rasgos, eu aplicaria peq folhas c brides semelhantes ao bordado, nos picos abertos, faria peq ilhós e criava uma composição, mesmo sem furos, (rasgos) em outros espaços p/ ñ perder a estética…
    Espero ter sido explícita e útil.
    Desejo-lhe a continuação de um bom trabalho !…

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    • Muitissimo obrigada,Fernanda.! Já agora uma pergunta: a que chama linha de Bordado da ilha? A linha nº 25? Em Guimarães chamam-lhe linha Madeira… dai´a minha pergunta. Aliás como não estou em casa até 6ª feira decidi não fazer mais pois parece-me que tenho linha mais fina em casa. E muito obrigado pelas dicasb de quem muito mais percebe do assunto do que eu. Não me esquecerei, se voltar às Caldas de visitar o seu atelier. Para já está muito frio! ;)

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      • Meri ! A linha do Bordado da Ilha, é mesmo a linha usada na Madeira e é o nº 16. O nº 25 tb é linha de bordar q pode ser usada na Madeira em algumas situações.
        Ñ mencionei o nº da linha por ñ saber a espessura do linho, embora me parecesse um linho grosso e por tanto o nº 16 ser o adequado.
        É uma obrigação m/ ter um bom conhecimento destes assuntos. Fui professora durante 36 anos. Profissão q muito prezei. E como vê, ainda ñ deixei de gostar de transmitir o q sei. O saber quando ñ é transmitido, de nada serve.
        Terei muito gosto em ajudar sempre q seja necessário.
        Espero a sua visita! :) Está muito frio e desagradável com a chuva. ;)

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        • Obrigada Fernanda pela rápida resposta . O linho é bastante fini, daí pensar que , se calhar preciso de linha mais fina. Estou indecisa. É tão bom que continue a gostar de ensinar. Precisamos de toda essa sabedoria acumulada. Escreva sobre o que sabe sobre os bordados tradicionais Portugueses, para que fiquem registados! A pesquisa histórica está quase toda feita, mas parece-me sempre que o que falta sempre é a escrita do como se faz, com que se faz, dicas e truques de quem faz mesmo os bordados e os estuda, na su execução, como a Fernanda! Vá registando coisas dobre as linhas, os tecidos os desenhos, etc. etc.Aprendi o Bordado de Guimarães também com uma professora extraordinária que ensinou toda a vida e penso que fez o mesmo curso que a Fernanda – também a ando a ver se convenço a escrever – ela faz desenhos extraordinários! É a professora Maria do Céu Freitas, que também sabe sobre todos os trabalhos tradicionais portugueses embora muito ligada ao Bordado de Guimarães. Mais uma vez obrigada pela disponibilidade.Fernanda

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        • Moro em Sintra e frequento o Baleal nos dias bons e na época de praia, pois tenho casa em Ferrel, dantes fazia as Termas das Caldas da Rainha, até ao seu encerramento ( muita falta me fazem) vou muitas vezes ao mercado da fruta…
          Mas o que eu gostaria era de saber se ainda tem alunas, não digo em regime intensivo mais tipo uma explicação de vez em quando. Agora na reforma vou tentando relembrar o que fui aprendendo ao longo dos anos e mesmo com várias ajudas, via Net, ao pé e a cores, como se diz é, outra coisa. De Sintra a Caldas há comboio e depois haverá a estadia, com mais tempo, no Baleal, acho que seria o ideal para mim. Já conheço a Meri e espanto-me com toda sua a perfeição, mas está no Porto, mais difícil.
          Fico à aguardar, um bom fim de semana, embora talvez o tempo não vá ajudar-
          maria de lourdes

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  9. In reply to Ana’s comment ( if I understood the last sentence and I agree) a quote, reflecting Meri’s outlook on life, comes to mind.
    “The hands are called the outlet for the heart. One’s heart, indeed one’s whole way of life, is expressed in the words of one’s hands. This is why, before setting our hands to the work of embroidering, we aim first at composure of heart”.
    Iwao Saito, President, Kurenai-Kai

    Monique

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    • Dearest Monique,
      Thank you, Merci, Obrigada for your tenderness you’ve made my day with that beautiful and Ana with her lovely words as well. Love to you both!

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  10. Paula Há uma marca de linha chamada Madeira que não tem nada a ver com a Ilha da Madeira, não estou em casa por isso não posso confirmar a origem – essa marca tem fios de algodão e também sedas muito boas.
    O Floche de que a Mary Corbet tanto fala não aparece por cá, só o Cotton à Border (16, 20, 25). Em Guimarães chamam ao Coton à Border 25 a linha Madeira, presumo que seja essa a linha usada nos bordados da Madeira, mas ainda não encontrei confirmação.
    Isto dos nomes dos pontos é uma coisa muito curiosa, mas as influências dentro da Europa da India e todo o Oriente ao longo dos séculos é enorme. E depois para o Novo mundo das Américas. Sei por uma amiga mesmo (não virtual) que no Equador há lenços de namorados como os nossos de Vila Verde!
    Ali em cima a minha amiga virtual Monique trabalha as Colchas do New Mexico que são trabalhadas em lã e tem desenhos que fazem lembrar as colchas de Castelo Branco (também já escrevi sobre isso)
    Aqui, nas Caldas da Rainha, faz-se o ponto pé de flor suspenso (raised stem stitch) “imbottito em Italiano e usado no Punto Umbro, Sorbelo o Portughese (vide Coisas Curiosas 4, 5, 5 II, 5 III) se tiver alguma curiosidade no assunto e tempo.

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  11. fugo ao assunto mas… falando de linhas, deram-me umas meadas de linha de que nunca ouvi falar Clarks Floss embroidery nº 14, 4,5grammes white e tem o símbolo da âncora. Na opinião da Meri esta linha, se conhece, estará certa para quê? Richelieu em linho médio ?

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    • Maria de Lurdes confesso que não conheço a linha.
      Chama linho médio ao linho 20L de Guimarães? O Richelieu, penso eu, costuma ser feito em linho mais fino e com linha mais fina, mas eu de Richelieu não percebo nada – bem que ando à procura de informação, mas só quando chegar a casa. Talvez uma das comentadoras acima conheça a linha. Se conseguir alguma informação comunico

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  12. Isto é que é saber!!! Que maravilha haver quem tanto saiba e goste dos nossos bordados. Já há muito não vinha ao teu blogue, e não me lembro nada desta toalha que estás a restaurar. Espero que consigas quem escreva sobre os bordados portugueses, mas com saber e profundidade. E tu também podias dar uma mãozinha, pois escreves muito bem.
    Mariamana

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    • Não te lembras? Quando estiveste cá em casa, na última vez eu tirei-a do gavetão e vimos o estado em que estava e até foste tu que me disseste que a mão a usava muito, sempre que tomava chá!

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  13. Pingback: Difícil e lento / Difficult and slow | agulhas da Méri®

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